domingo, 13 de novembro de 2011

Ovo: de vilão a mocinho

Isaac Ribeiro
repórter

É difícil não haver uma mesa de café da manhã sem a presença do ovo, seja cozido ou frito - as formas mais tradicionais - ou como base de receitas um pouco mais elaboradas, omelete ou 'a la coque' entre elas. Adorado por muitos e rejeitado por outros tantos, o ovo é um dos alimentos mais nutritivos e uma rica fonte de proteínas de alta qualidade. São treze vitaminas essenciais e diversos minerais presentes em sua composição, todos essenciais ao bom funcionamento de nosso organismo: colina, ácido fólico, ferro, zinco, gorduras insaturadas e antioxidantes. Mas mesmo assim, ainda há vários mitos e preconceitos sobre o ovo.
 Foto:Alex RégisPor ser pouco calórico e ter proteínas de alto valor nutricional, o ovo não engorda. Pelo contrário, até ajuda em dietas
Por ser pouco calórico e ter proteínas de alto valor nutricional, o ovo não engorda.
Pelo contrário, até ajuda em dietas

Um dos maiores mitos é sobre  o aumento do colesterol de quem consome um ou mais ovos diariamente. Mas estudos internacionais comprovam não haver nenhuma ligação entre ovo e entupimento de vasos ou doenças cardíacas.

A nutricionista Fátima Nunes esclarece não ter o ovo gorduras  saturadas, que tanto mal fazem à nossa saúde. Pelo contrário, ele é rico nas insaturadas, as mesmas presentes em alguns vegetais como abacate, açaí, azeite e castanhas.

Ela aconselha, porém, consumir ovos do tipo "caipira", ou seja, aqueles de galinhas criadas livres no terreiro, alimentadas com milho; e não os ovos de granja, provenientes de aves encerradas em viveiros, estressadas e alimentadas com ração.

Tudo no ovo é bem aproveitado pelo organismo. A gema tem colina, principalmente, ótima para a memória, além de outros nutrientes, vitaminas e sais minerais. A clara é composta basicamente de albumina, indicada para quem precisa de reposição eficiente de proteínas, como atletas, além de ser um complemento importante para dietas de emagrecimento.

Com cálcio em abundância a, casca, uma vez triturada, enriquecida e adicionada à alimentação de idosos, apresenta ótimos resultados contra osteoporose, melhorando a densidade óssea.

O Brasil produz dois bilhões de dúzias de ovos, em média; sendo que 60% deles são destinados ao consumo direto. Restaurantes e a indústria alimentícia ficam com 9% da produção.

A China é o maior produtor mundial de ovos, com uma produção anual de 390 milhões de unidades - representando praticamente metade do que se produz em todo mundo. É o ovo deixando o papel de vilão e assumindo o de mocinho!

Consumo diário de ovo não aumenta o colesterol

Um dos maiores mitos relacionado ao consumo de ovos é o aumento do colesterol. Afinal, quem nunca ouviu alguém dizer que ovo demais faz mal? O fato é que nada relacionado a isso foi comprovado nos nos últimos 30 anos de pesquisa. Não há relação entre consumo diário de ovos e doenças cardíacas.

"Quem mais aumenta o nosso colesterol sanguíneo são as gorduras saturadas presentes nas carnes, queijos, bacon, picanha, leites. Ovo não tem gorduras saturadas só tem as melhores gorduras, que são as insaturadas, as mesmas dos vegetais - abacate, castanhas, açaí, azeite, por isso ele deixou de ser vilão", atesta a nutricionista Fátima Nunes, que em dezembro lançará livro sobre alimentos funcionais.

Um estudo relatado pelo Medical Science Monitor, prestigiada publicação médica internacional, demonstrou que consumir um ou mais ovos por dia não aumentou o risco de doenças coronárias ou infarto entre as 9.500 pessoas observadas, todos adultos saudáveis; além de relacionar, inclusive, esse consumo com a redução da pressão sanguínea. 

Se a pessoa mantém uma dieta saudável e balanceada, não é preciso cortar ou reduzir o consumo de ovos. A não ser sob recomendação de uma nutricionista. Fátima Nunes ressalta outras qualidades benéficas do ovo, como o aumento da massa muscular proporcionado pela proteína albumina e a ação da colina (gema) como importante neurotransmissor muito importante para a memória - tanto que ela recomenda aos pacientes de Alzheimer e Parkinson comerem um ovo diariamente. 

Por ser pouco calórico e ter proteínas de alto valor nutricional, o ovo não engorda. "Pelo contrário, para pessoas ansiosas ele sacia bastante principalmente se comer à noite, no jantar", comenta Fátima. Pessoas com alergia a proteínas do ovo não podem consumi-lo. Atletas que buscam aumento da massa muscular devem comê-los cozidos e nunca crus ou fritos. "As gorduras monoinsaturdas presentes nele são antiinflamatórias e antioxidantes; e para atletas, a albumina que aumenta a massa muscular. Mas, o ideal é comer ovo de galinha caipira."

Bate-papo

Afinal, o ovo é bom para a saúde?

O ovo é um alimento que possui proteínas de alto valor biológico, ou seja, contém todos os aminoácidos essenciais em quantidades e proporções ideais para atender às necessidades orgânicas; portanto, podemos dizer que ele é um excelente alimento por fornecer estruturas que o nosso organismo não é capaz de sintetizar, devendo ser absorvido através dos alimentos. O ovo também é uma excelente fonte de triptofano, o aminoácido precursor da serotonina, a substância associada à sensação de bem-estar. Do total de gorduras contidas em um ovo, a maioria é de monoinsaturadas a gordura do bem, protetora do coração. Os ovos naturalmente são excelente fonte de vitaminas e particularmente das vitaminas A, D, E, K, B1(tiamina), B2 (riboflavina), B12 e ácido fólico. Por serem lipossolúveis, as vitaminas A, D, E, K são depositadas na gema. A gema do ovo é também rica fonte de fósforo (P) e ferro (Fe) disponíveis e de carotenóides, luteína e zeaxantina, ambos envolvidos no funcionamento adequado da região da mácula ocular e na redução do risco de degeneração macular, principalmente em idosos. A colina é outro nutriente naturalmente encontrado nos ovos e que tem sido identificado como essencial para gestantes, à memória e no desenvolvimento cerebral de recém-nascidos.

Fala-se do alto teor de colesterol do ovo. Procede?

De fato, o ovo tem muito colesterol. Uma unidade contém 213 miligramas da substância, quase o total da ingestão diária recomendada pela Associação Americana do Coração, que é de 300 miligramas. O erro, no entanto, é imaginar que todo esse colesterol, depois de ingerido, tem como destino certo o entupimento das artérias. Na verdade nem todo o colesterol ingerido causa entupimento nas artérias, pois também é destinado à formação de hormônios importantes ao corpo, faz parte das membranas de todas as células, além de possuir outras funções de extrema importância.

Você recomendaria o consumo de ovos por parte das crianças?

Devido a todos os benefícios nutritivos do ovo, ele pode e deve ser consumido pelas crianças, desde que seja bem cozido. A introdução do ovo na alimentação das crianças pode ser realizada a partir dos seis meses de idade, iniciando com a gema cozida (cerca de ¼) e aumentando a quantidade gradativamente. No caso da clara de ovos sua introdução deve ser realizada apenas após o primeiro ano de idade (responsável por algumas reações alérgicas).

Musculação e ovo: tudo a ver

Praticantes de musculação e fisiculturismo costumam comer vários ovos após o treino, visando a reposição de proteínas e a reconstrução da massa muscular. Isso porque a albumina, proteína de alta qualidade presente à clara do ovo, teria essa propriedade reparadora. O educador físico Bruno Paulo Andrade confirma que, na academia onde trabalha, vários alunos adotam essa prática."O treino provoca micro-lesões  e o ovo ajuda a reconstruir a massa muscular. Ele também ajuda a aumentar o músculo, o que chamamos de hipertrofia. A gente diz que o ovo é ouro para a hipertrofia", comenta Bruno. O educador físico considera o ovo um verdadeiro injustiçado, isso devido aos muitos mitos e controvérsias em torno dele. Mas mesmo sendo reconhecendo suas muitas qualidades, Bruno diz não recomendá-lo aos seus alunos. "Não faço recomendação alimentar; oriento a atividade física. Sempre indico procurar uma nutricionista."Mas não há como negar que nas academias de musculação há  realmente uma grande concentração de consumidores ávidos por ovos. "Já vi gente que termina o treino e vai comer cinco ovos. Considero isso muito", analisa Bruno Andrade.O problema é que alguns atletas insistem em ingerir a clara crua, o que não é recomendado pelos especialistas devido à presença de bactérias indesejáveis nessa forma in natura do alimento.O estudante universitário David Maia Bezerra, 22 anos, pratica musculação há um ano e meio e é adepto do consumo de ovos após os treinos, objetivando a reposição de proteína. Segundo ele, várias alunos têm o mesmo hábito. Em sua dieta, os ovos são consumidos junto a um carboidrato e carne."Sempre após o treino, como três ovos cozidos. Nunca senti nada. Até hoje nunca conseguiram comprovar se ovo realmente faz mal", diz David.   

Fonte:tribunadonorte.com.br

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