domingo, 4 de março de 2012

POESIA




OFERTA DE EMPREGO
Poeta José Joel

Precisa-se de empregada
Pra trabalhar lá em casa
A carteira é assinada
E o salário não atrasa
Tem direito a feriado
Sábado e domingo é folgado
Tem férias, décimo terceiro
O trabalho é muito pouco
E em caso de sufoco
A gente empresta dinheiro


Basta chegar oito hora
Dorme depois que almoçar
As quatro pode ir embora
Não precisa pernoitar
Em relação a patroa?
A mulher é muito boa!
Só precisa a candidata
Passar na sua entrevista
Que no meu ponto de vista
É objetiva e exata.


Tem que ser uma donzela
Para não levar menino
Não pode assistir novela
Nem um filme pequenino
Nem beber e nem fumar
Não ir festa, não dançar
Não falar de vida alheia
Ter responsabilidade
E ter muita honestidade!
Se roubar, vai pra cadeia.


Não possuir celular
Pra não ser atrapalhada
Se inventar de namorar
É bem longe da calçada
Não falar com a vizinhança
Também não dá confiança
A quem pede uma esmola
Nunca andar seminua
E se for sair pra rua
Vai corrigida a sacola.


Ser limpa e andar na linha
Para não fazer besteira
Saber toda ladainha
E ser muito rezadeira
Não chegar lá de carona
Não cochilar na poltrona
Não ter um dente furado
Não ter cabelo comprido
E ter o sétimo sentido
Pra dar conta do recado.


Andar longe de fofoca
Tomar conta da cozinha
Saber fazer tapioca
Matar e tratar galinha
As roupas saber lavar
Depois de lavar passar
Do paletó as cueca
E se for com desatino
E beliscar um menino
Leva um corte na munheca.


Lavar casa, passar pano,
E deixar bem limpo o chão
Soprar fogo com abano
Porque lá queima é carvão
Por não ter água encanada
Tem que ser bem preparada
Pra pegar água num poço
Num balde desse tamanho
Que é pra gente tomar banho
E lavar a louça do almoço.


Não andar achando graça
E não ser séria demais.
Não dar bola pra quem passa
Que seja moça ou rapaz.
Trabalhar assoviando
Nem ligar som uma vez
Se ligar o gás do fogão
E deixar queimar o feijão
Desconta no fim do mês.


Não dever nada a ninguém
Para não chegar cobrança
Ser econômica também
Pra não ter extravagância.
Engomar com ferro a brasa
Tirar poeira da casa
Espanar do móvel ao forro
Jamais derrubar um prato
Nunca maltratar o gato
E sair com o cachorro.


Demonstrar que não tem vício
Provar que é competente
Fazendo esse sacrifício
E se dando com a gente
É tudo mil maravilha!
É mesmo que ser da família
Pois agradando a mulher
Lá em casa é um sossego
É garantido o emprego
Enquanto vida tiver.

Fonte:mundocordel.blogspot.com

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