quinta-feira, 28 de julho de 2011

RECORDAÇÕES DO PASSADO

poeta santanense Manoel Américo de Carvalho Pita (Nené de Serra do Gado)


RECORDAÇÕES DO PASSADO

Eu sinto recordação

Fazenda Serra do Gado

Ainda estou dando as provas

Que permaneço ao seu lado

Inspirei-me nesse tema

E te escrevi um poema

Recordação do passado.


Resistente casarão

Onde nasci e me criei

Ouvindo os santos conselhos

Dum velho que tanto amei

Hoje doente e cansado

Seu Tonho de Serra do gado

Teu nome sempre honrarei.


Criado com feijão verde

Batata doce e cuscuz

Que minha mamãe fazia

Meu sentimento traduz

Sua beleza inda é tanta

Que só parece uma santa

Rezando aos pés de jesus.


Quando eu adoecia

A minha mamãe com cautela

Fazia um chá de erva-doce

De pepaconha ou canela

Cantava até que eu dormia

E debaixo do sono ouvia

Papai chamando por ela.


Lembro de Orlando caçando

Mocós e maracajás

Com seu cachorro Tupi,

Correndo atrás dos preás

Tirando o leite das vacas

E concertando as estacas

Das cercas ruins dos currais.


Criado junto a Maninho

Dos sete anos pros dez

Atirando nas rolinhas

Armando pedra e mondés

De baladeira na mão

E a terra quente no chão

Queimando a sola dos pés.


Recordando minha infância

Que travessuras eu fazia

Entrava em roçado alheio

No pino do meio dia

Depois que matava a fomo

Saia e deixava o nome

Na casca da melancia.


Lembro de tio Odilon

Que com caráter e critério

Me dava tantos conselhos

Com seu semblante tão sério

Hoje dele recordando

Faço uma prece chorando

Na cova do cemitério.


Eu sinto recordação

Do tempo da mocidade

De tia Lala e tio Josa

Um velho de autoridade

Já tantos anos depois

Quando recordo dos dois

Resta somente a saudade.


Com Otávio, Olavo e Osmar

Quanto prazer eu sentia

Quando assistia as novenas

Que tia Sinhá fazia

Com o bolso cheio de pipoca

Correndo atrás das tabocas

Do foguetão que caia.


Quando relembro a infância

Quanta saudade me vem

Lembrando primos e amigos

A quem eu quis tanto bem

Hoje lembrando a distância

Que nos separa da infância

Sentem saudades também.


Autor: Manoel Américo de Carvalho Pita

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