sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Crescem investimentos em pesquisa mineral no RN

Hudson Helder
Chefe de Reportagem

Atraídas para o Rio Grande do Norte pela diversidade de minérios no subsolo, empresas nacionais e estrangeiras, e até pessoa física, estão cada vez mais interessadas em descobrir jazidas de minerais metálicos no estado. A superintendência regional do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) confirma que nos últimos anos vem aumentando a quantidade de requerimentos impetrados tendo como objeto da pesquisa os metais.
foto:caio khayanO minério de ferro é uma das riquezas que estão no radar de geólogos e investidores no EstadoO minério de ferro é uma das riquezas que estão no radar de geólogos e investidores no Estado

Somente este ano, o Departamento autorizou cerca de 400 novos requerimentos. Em 2002, por exemplo, foram 123. Há ainda 414 solicitações protocoladas que aguardam autorização do DNPM.

Uma empresa, a Vicenza Mineração, requereu de uma só vez 106 áreas para pesquisa de cobre e níquel. Quase todas localizadas nas regiões Oeste, Seridó e Central. Somadas, as áreas requeridas totalizam quase 11 vezes o território de Natal - 1.986 km². Os requerimentos, segundo a tramitação normal, estão sob análise e podem ou não ser outorgados. Trata-se de um investimento de aproximadamente meio milhão de reais.

Minérios de ferro, ouro, cobre, tungstênio e níquel são algumas das riquezas minerais cada vez mais sob a "lupa" dos geólogos que mapeiam o território do Rio Grande do Norte. "O mapa geológico do Estado, uma ferramenta atualizada através de um projeto desenvolvido pela Coordenadoria de Recursos Minerais há pouco mais de dois anos, tem sido de grande valia às empresas", afirma o geólogo e professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFRN), Otacílio de Carvalho.

A cotação desses recursos minerais no mercado de commodities é, na maioria dos casos, o combustível para esse interesse. Se o Brasil passa por um processo de crescimento econômico, ou mesmo esse "boom" ocorre em outras economias, a tendência é aumentar o consumo de alguns tipos de minérios. E os investimentos em pesquisa e extração tendem a ocorrer em relação àqueles que oferecem maior rentabilidade, explica o superintendente regional do DNPM no Rio Grande do Norte, Roger Garibaldi Miranda.

"Algo em torno de 30% dessas pesquisas obtêm êxito. Não significa, claro, que irão transformar-se imediatamente em minas", explica. Uma parte dos quase 2 mil alvarás expedidos pelo DNPM não chega sequer à conclusão, ou mesmo início da pesquisa. Algumas dessas concessões esbarram na inadimplência, ou mesmo na perda de prazos.

A iminente mudança nas regras que regem o setor mineral, no Brasil, em tramitação no Congresso Nacional, é apontada por especialistas desse setor como outro aspecto que tem "estimulado" as empresas a buscarem requerimento por novas áreas de pesquisa. O setor já se recuperou dos estragos da crise global de 2008, quando houve forte retração na busca por insumos.

A Vicenza Mineração, aquela interessada em áreas para pesquisa de Níquel e Cobre no estado, é também a que mais solicitou requerimentos em 2010 - total de 2,019 mil pedidos -, quase o triplo da segunda colocada, a Terrativa Minerais (795).

Para Otacílio de Carvalho, o potencial do setor é imenso no RN e requer atenção para evitar que essas eventuais descobertas não sejam prejudicadas pela falta de investimentos em infraestrutura. "Isso é bom porque gera emprego, renda, e desenvolvimento", lembra.

O interesse pelo subsolo do Rio Grande do Norte demandou também a modernização do sistema e estrutura de análise dos processos na superintendência regional, que reduziu o tempo de análise de um requerimento de seis meses, em média, para até quinze dias. A informatização e aumento do número de técnicos contribuiu para esse incremento.

Setor será tema de audiência pública hoje

Os gargalos que sufocam a mineração no RN serão tema de audiência pública na Assembleia Legislativa hoje, a partir das 9h30. Mas, mais do que debater os problemas, "vamos discutir as soluções para o setor, que já foi uma das atividades econômicas mais importantes do estado", diz o deputado estadual Walter Alves (PMDB) - que propôs a audiência. A discussão contará com a participação do diretor geral do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), Sérgio Dâmaso.

O parlamentar lembra que existem mais de 60 tipos de minérios no solo potiguar, mas o estado só explora 25. Segundo ele, é preciso investir em infraestrutura e logística para ampliar a quantidade de minerais aproveitados e com isso gerar mais renda e emprego. "O Brasil está precisando de ferro e o RN pode fornecer. É preciso aproveitar as oportunidades", diz.

Mas o setor enfrenta dificuldades e escoar a produção é um deles. Para Amaro Sales, presidente eleito da Federação da Indústria do Rio Grande do Norte, o ideal seria construir um porto graneleiro (capaz de exportar grandes volumes) mais próximo das jazidas. A proposta é defendida há muito tempo no estado. Outra alternativa para viabilizar o escoamento do minério, principalmente o de ferro, seria construir um ramal que ligasse o RN à ferrovia Transnordestina, que liga três estados na Região, diz Amaro.

Problemas na logística do estado levaram a Mhag Serviços e Mineração, que explorava jazidas em Jucurutu, a exportar minério de ferro pelo porto de Suape, em Pernambuco, e não pelo de Natal, no RN - que se prepara para exportar minério de ferro pela primeira vez, em setembro. Para evitar que os investidores precisem recorrer a outros portos, o governo deve estudar novas alternativas, observa Amaro Sales.

Segundo Walter Alves, a mineração, que viveu o auge antes da década de 80, voltou a se desenvolver, principalmente após a chegada de grupos estrangeiros, com mais recursos para explorar as jazidas. Com a reativação da Mina São Francisco, a 26km de Currais Novos, por exemplo, a produção de ouro no RN saltará de 47 gramas, valor registrado pelo Departamento Nacional de Pesquisa Mineral em 2009, para 3 toneladas a partir de 2013, quando a mina começa a operar. (Andrielle Mendes)

Fonte;tribunadonorte.com.br

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