sexta-feira, 9 de setembro de 2011

A morte das cartas

A morte das cartas

As Cartas que morreram

Não foram as cartas do tarô

Foram as cartas dos amigos

Foram as cartas de amor

Não sei exato a data

Quando morreram essas cartas

Nem sei quem foi que matou.


Quando essas cartas eram vivas

Era a maior alegria

Com uma carta de amor

Qualquer pessoa sorria

A resposta dessa carta

Era bem imediata

Com linda caligrafia.


Pois numa carta de amor

Tudo precisava ser perfeito

As palavras eram flechas

Que acertavam o peito

Pra o remetente, o destinatário

Era um ser extraordinário

Não tinha nem um defeito.


E o pedido de namoro

Que João fez pra Maria:

-Meu docinho de coco

Minha flor de melancia

Se você quer namorar

Meu amor eu vou gostar

Seu sorriso é minha alegria.


Mas a resposta da carta

Às vezes não era o esperado

-Me respeite senhor João!

Que eu já tenho namorado

Deixa de melancolia

Cante em outra freguesia

Tu és um cabra safado.


Mas também tinha respostas

Que deixava o cabra feliz

-Você quer me namorar?

Isso é o que sempre quis!

Um romance duradouro

O resultado do namoro

Era o altar da Matriz.


E as cartas de amigos

Que contavam novidades

Do passeio lá no campo

Da festa lá na cidade

Eram tantas as notícias

Fofocas até sem malícias

Fatos com veracidade.


Hoje não se escrevem cartas

Pra o amigo ou namorado

Basta um telefonema

Está dado o recado

A namorada se enganou?

Uma semana passou

O namoro está acabado.


Hoje é e-mail na Internet

Torpedo no celular

É namoro sem fronteiras

Sem o brilho no olhar

Não se tem privacidade

Nem a mesma ansiedade

De ver o carteiro chegar.


Quando o carteiro vinha

Com sua bolsa amarela

Cheia de correspondências

Alegria dentro dela

Hoje quando ele vem

Sua bolsa já não tem

As cartas que tinham nela.


Quando o carteiro passa

Só trás contas pra pagar

Cartão de crédito sem crédito

A conta do celular

Mas as cartas dos amigos

Ou de amor, eu não consigo

Saber onde foi parar.


Vou terminar o meu drama

Fazendo um único pedido

Ressuscitem essas cartas

Escreva pra seus amigos

Ou mesmo pra seu amor

Você conhecerá o valor

Da carta o seu sentido.


Autor: Francisco Donizete de Souza

Nenhum comentário:

Postar um comentário